Castedo, freguesia que dista seis quilómetros de Alijó,
está situada muito perto da margem direita do rio Douro, na parte sul do concelho. É um nome de origem latina, cuja palavra
inicial, castanetum, significaria castanheiro. Este facto leva-nos a pensar que em tempos muito recuados Castedo seria terra
abundante em castanheiros, ao ponto de lhe ter sido dado esse nome. De castanhedo, o nome terá evoluído para castanedo - castaedo
- castedo. Os castanheiros é que são hoje apenas uma recordação bonita do passado da freguesia. Aliás, diversas lendas
circulam entre os mais antigos relativas à importância das castanhas na fundação da povoação. Conta-nos o livro Adeus, Adeus,
Ó Castedo: Que a castanha era importante nesta aldeia sabe-se pelas histórias em que abundam as fadas e bruxas que escondiam
os meninos em caixas e os alimentavam de castanhas picadas. Também existe um conjunto de propriedades rurais que mantém o
nome de Castainça, porque ali havia muitas castinceiras, ou trouças, como agora se chamam, vendo-se por ali ainda algumas.
O povoamento de Castedo remonta à época pré-histórica. A montante da freguesia, no monte da Cerca, existe um castro, que
no entanto ainda não foi explorado. Recolheram-se, no entanto, alguns pedaços de cerâmica castreja de fabrico local. Esta
freguesia pertence desde a primeira metade do século XIII ao concelho de Alijó. Já é citada como tal no foral passado por
D. Sancho II em 1226. Até 1759, foram seus donatários os Marqueses de Távora e depois a coroa. O prior de Alijó apresentava
o vigário, que tinha de rendimento anual 40 mil réis. Em 1839, Castedo pertencia à comarca de Vila Real, passando posteriormente
para a de Alijó. Não se sabe quando foi a erecção paroquial da freguesia, havendo no entanto conhecimento de um registo de
baptismo datado dos inícios do séc. XVII (1603). A igreja paroquial de Castedo é do século XVIII e destaca-se pelo seu
interior, que apresenta um tecto totalmente forrado com caixotões. Pode ver-se também neste templo uma custódia-cálice da
mesma época. O cura era apresentado pelo reitor da paróquia de Alijó. No morro de Porqueira, encontra-se a Capela de Santa
Marinha, num dos mais belos miradouros desta região do Alto Douro. O templo situava-se originalmente no lugar do Souto. A
agricultura de Castedo tem como principal produto a vinha, mas também são importantes o azeite, a amêndoa e a laranja. Aliás,
foi desde sempre o vinho, especialmente o vinho do Porto, que motivou o extraordinário desenvolvimento de Castedo. Aconteceu
sobretudo nos reinados de D. Pedro II e D. José, época em que o movimento e a animação na aldeia eram tão grandes que um dos
seus lugares foi baptizado com o nome de Porto Pequeno. Terra de remoto povoamento, hoje relativamente pouco habitada,
mas em que aqueles que restam revelam o seu inegável amor à terra que os viu nascer ou que adoptaram para viver. E cantam
para ela, com a emoção própria de quem se vê obrigado a ir embora: Adeus, adeus ó Castedo / mal de ti nunca direi / foi a
terra onde nasci / não sei onde acabarei. De realçar nesta freguesia, José Joaquim Lopes Prata, ilustre catedrático em
Coimbra que deixou várias obras literárias publicadas. Nasceu em 1844 e viria a falecer em 1920.
Por:
José Nogueira dos Reis
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